A economia brasileira atravessa um momento muito difícil que perdurará ainda por algum tempo .
Segundo o economista Affonso Celso Pastore , ex-presidente do Banco Central do Brasil , apenas
uma mudança na orientação da política econômica , com ênfase no controle dos gastos públicos e
incentivos aos investimentos , poderá elevar o potencial do crescimento .
A conjuntura internacional já não alavanca as exportações na mesma intensidade , e o real perde
valor em relação ao dólar . Ao mesmo tempo , o mercado interno vacila .
A industria sofre com um cenário particularmente adverso , pressionada pelo aumento nos custos de sua produção e pela margem de lucro reduzida .
Com os lucros em queda , os investimentos não avançam . " Estamos presos na armadilha do
crescimento baixo " .
No entendimento do ilustre acadêmico e consultor econômico , a inflação voltou e está em alta .
Há um aumento generalizado dos preços . Os reajustes no setor de serviços , como educação ,
saúde e comércio , mantem-se acima de 8% ao ano. Realmente é um quadro grave .
Se removêssemos os efeitos das reduções de impostos da eletricidade , dos automóveis e dos
eletrodomésticos , além de eliminarmos o subsídio ao preço da gasolina , a inflação estaria rodando
muito acima do teto de 6,5% da meta oficial .
Os fatores que exercem maior pressão sobre a alta dos preços , seriam na opinião de Pastore a
razão de fundo sobre as pressões de demanda , que cresce acima da oferta .
O próprio Banco Central já reconhece que a inflação vem do excesso da demanda doméstica .
O efeito fica evidente nos reajustes de preços do setor de serviços , uma área favorecida pelo
desemprego baixo . Não falta demanda no Brasil . O país vive uma situação de pleno emprego .
É um fato inegavelmente positivo , mas traz desafios .
As empresas para manter os seus funcionários , aceitam pagar salários maiores .
Este custo adicional acaba fatalmente sendo repassado, ao menos parcialmente , para os preços .
Está havendo um deslocamento na direção de instituições contrárias ao desenvolvimento .
Como se obtém mais poder conforme se dão mais concessões , as concessões florescem , mas
sem ampliar a produtividade .
Perguntado se estamos diante de um perigoso retrocesso no país Affonso Pastore respondeu :
O Brasil foi extrativista até um passado recente , quando havia protecionismo , reserva de mercado ,
e controle de preços . O país já tinha superado esse estágio . Temo que estejamos regredindo
novamente a uma sociedade na qual os sujeitos que buscam vantagens têm mais oportunidades
do que aqueles que buscam a produtividade e o lucro .
Um governo que cria quarenta ministérios é terreno fértil para avanço de instituições extrativistas .
Está havendo um deslocamento na direção de instituições contrárias ao desenvolvimento .
Como se obtém mais poder conforme se dão mais vantagens , as vantagens florescem , sem
ampliar a produtividade .
O Brasil fica mais preso na armadilha do crescimento baixo .
Affonso Celso Pastore
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Fraternal abraço .
Jerônimo Sales .
Fonte : Revista Veja - Edição 19 junho 2013
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